BUENOS AIRES - Representantes de várias religiões afirmaram nesta terça-feira serem a favor da descriminalização do aborto na Argentina, e declararam seu apoio à Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, informou a agência de notícias ANSA.
Dezenas de organizações sociais e de gênero no país, membros da Campanha Nacional, convocaram uma manifestação para esta terça em frente ao Congresso do país para pedir pela aprovação do projeto de lei que legaliza a interrupção da gravidez, que já tem 50 assinaturas de parlamentares.
Em uma conferência com membros do Legislativo, o pastor Lisandro Orlov, da Igreja Evangélica Luterana Unida, afirmou que "é necessário tirar o tema [do aborto] do Código Penal para colocá-lo na perspectiva dos Direitos Humanos, do Evangelho e dos direitos das pessoas".
- Limitar a discussão à descriminalização do aborto a um leilão entre quem está a favor e contra a prática é banalizá-la: ninguém pode estar a favor da interrupção de uma vida - disse Mariel Pons, pastora da Igreja Evangélica Metodista. - O problema vai mais além desta falsa polarização: a mulher que busca o aborto o faz com angústia e tristeza. A comunidade tem que assumir esta realidade, não escondê-la, mas trazê-la à tona - declarou a religiosa.
Segundo o rabino Daniel Goldman, "o aborto se pratica goste ou não a vizinha, o professor, o juiz, o religioso ou o legislador".
De acordo com a deputada federal Cecilia Merchán, uma das organizadoras do diálogo inter-religioso, esse deve ser o ponto da discussão:
- Para nós era importante deixar de lado um debate falso, esse que dizem que por um lado estamos promovendo o aborto e do outro estão as igrejas. Mostramos que não é assim - afirma ela.
Merchán disse ainda que dezenas de artistas e músicos, parlamentares, personalidades da cultura, intelectuais, jornalistas, dirigentes sindicais e políticos argentinos já fazem parte da campanha.
Em uma declaração à imprensa, as organizações em defesa do projeto afirmam que "o aborto legal é um tema central a respeito dos direitos humanos e à saúde das mulheres. Sua criminalização e sua ilegalidade não impedem que sejam praticados cerca de 500 mil abortos por ano, e o fato de que não estejam garantidas condições sanitárias dignas, seguras e gratuitas aprofunda a desigualdade e faz que morram mulheres, em geral jovens e pobres".
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