Nós, mulheres estudantes da PUC, organizadas no DCE, em Centros Acadêmicos e no Coletivo de Mulheres, sempre lutamos para que a PUC cumpra um papel central na construção de um mundo mais justo, baseado em pilares de cooperação e de respeito as diferenças. Acreditamos que o ambiente universitário é um espaço privilegiado para a formulação de um pensamento crítico que nos sirva como ferramenta para combater às opressões e, neste caso, o machismo da sociedade brasileira.
Desde 2009, ano da fundação do Coletivo de Mulheres da PUC, estivemos organizadas e combatendo o machismo no dia-a-dia da nossa universidade, que se em sua maioria é composta por mulheres, sejam alunas ou professoras, são as que mais evadem da universidade, ou não estão em nenhum posto de direção da administração da PUC. Por acreditarmos que o machismo deve ser combatido em sua raiz, realizamos há mais de dois anos uma campanha contra os trotes machistas na PUC, para que nenhuma atitude ou brincadeira humilhem as calouras que estão entrando na universidade, e que nenhuma forma de machismo seja naturalizada. As calouras devem entrar na universidade entendendo que estão num espaço para produzir o conhecimento que construa um mundo em que nós, mulheres, não somos objetos ou mercadorias, onde nós não estamos a venda.
Ainda assim, são muitos os desafios que estão pela frente, um deles foi ver, que mesmo com tudo o que construímos, formas humilhantes de trotes ainda persistem. Um deles é o "Concurso Caloura Devassa", que foi realizado durante a semana que se passou. Antecede a este concurso o comportamento agressivo com nós, mulheres, somos tratadas por parte da marca Devassa: desde sua concepção, quando havia o chopp da loira, da ruiva, da negra e da índia, ou quando a sua principal propaganda é o corpo socialmente considerado ideal de uma mulher, em que ela está nua. Quem estuda publicidade sabe a mensagem que esta cerveja está querendo passar: algo como "compre uma Devassa e ganhe de brinde uma mulher como essa". Com o "Concurso Caloura Devassa", ocorre o mesmo. A disputa é por qual é a caloura mais Devassa, como se a característica mais marcante das alunas da PUC não fosse a sua inteligência, mas sim a sua capacidade de ser Devassa. Nós, que queremos ser tantas coisas, que entramos na universidade com tantas expectativas, logo de início somos reduzidas a Devassas. Que papel legal que essa marca cumpre, né?
Por isso, queremos dialogar com toda a universidade, com as estudantes e os estudantes, para que concursos desses moldes não se reproduzam na PUC. Que nós valorizemos o nosso pensar e o nosso agir no mundo. Pedimos que a Devassa não seja mais utilizada em qualquer tipo de eventos da nossa universidade, e que este momento sirva para afirmarmos que nós não somos objetos, nem produtos a venda em uma prateleira, somos mulheres que querem ter autonomia para decidir sobre as suas próprias vidas, sem que nenhuma cervejaria diga como devem ser as nossas vidas.
NEM DEVASSAS, NEM SANTAS: LIVRES!
Assinam este documento:
Diretório Central dos Estudantes PUC-Rio - Gestão Roda VIVA
Coletivo de Mulheres da PUC-Rio
Centro Acadêmico de Relações Internacionais PUC-Rio
Diretoria de Mulheres da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ)
Marcha Mundial das Mulheres
Um comentário:
^_^!! Vcs tem contato? Precisamos e muito de um coletivo de mulheres na UFRRJ(Rural).
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