segunda-feira, 30 de julho de 2012

Nota de repúdio da Marcha Mundial das Mulheres à publicidade sexista da Preservativos Prudence


A Marcha Mundial das Mulheres repudia o anúncio da empresa Preservativos Prudence, pertencente à campanha “Dieta do Sexo”, por apologia ao estupro.

A publicidade foi colocada na página da Prudence no Facebook no dia 16 de julho, e só hoje (30/07/12) retirada de circulação. Tal anúncio refere-se a uma “Dieta do Sexo”, mostrando quantas calorias é possível perder praticando diferentes atos sexuais. Entre os atos citados, há dois polêmicos: “Tirando a roupa dela sem o consentimento dela: 190 cal” e “Abrindo o sutiã com uma mão, apanhando dela: 208 cal”.

Apesar da alegação de ambiguidade, o primeiro item não deixa dúvidas, pois menciona explicitamente se tratar de uma relação sexual não-consentida: sexo sem consentimento é estupro. Pior que isso: a empresa sugere que sexo forçado (estupro) "vale mais", pois gastam-se 190 calorias, do que sexo com consentimento (10 calorias).



 Veicular este tipo de publicidade, sobretudo em um contexto em que a violência contra as mulheres é uma realidade alarmante, é inaceitável. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, a cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas no Brasil. Uma em cada dez mulheres (10%) já foi de fato espancada ao menos uma vez na vida. Segundo dado do Instituto Sangari (2012), de 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres; 43,5 mil só na última década.

 Sobre a alegação de que “estuprador não usa camisinha”, basta lembrar que, em mais de 80% dos casos de violência denunciados pelas mulheres, o responsável é o próprio parceiro (marido ou namorado). De acordo com estudo do Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos e da Flacso Brasil, em 2011, 10.425 pessoas foram atendidas em hospitais vítimas de violência sexual. Em 23% dos casos, pais e padrastos foram os responsáveis pelo abuso.

Em um primeiro momento, a Preservativos Prudence buscou, no espaço de comentários da imagem no Facebook, justificar a situação. Disse ser contrária à violência, alegando que a propaganda não faz apologia a estupro, mas sim à “conquista”. Ou seja, de acordo com a empresa, fazer sexo sem o consentimento da mulher é conquistá-la. Na tentativa de consertar a situação, só conseguiu piorá-la. Ao invés de reconhecer que a propaganda faz apologia a um crime, colocou esse tipo de agressão como algo normal, banal, uma mera “conquista”. Há de se lembrar que a minimização do estupro é uma das causas pelas quais as vítimas não têm apoio, e muitas vezes nem conseguem efetivar uma denúncia. Quando tomam a iniciativa de denunciar o agressor, é comum ainda serem responsabilizadas pela própria agressão devido a seu “comportamento permissivo”.

Em seguida, a empresa, afirmou, novamente, no Facebook, não defender a prática do estupro, alegando que essa “piada” já havia sido divulgada antes, em vários blogs, em uma clara tentativa de tirar dos próprios ombros a responsabilidade pela veiculação de uma propaganda que banaliza a situação de estupro, e que, assim, contribui para a manutenção de uma realidade perversa para as mulheres.

Em momento algum houve reconhecimento do fato. Em nenhum dos pronunciamentos da Preservativos Prudence foi dito que sexo sem consentimento é estupro. Apenas foram emitidos comunicados vagos de que a empresa é contra a violência sexual e a favor do uso de camisinha em todas as relações.

Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, estamos ao lado das mulheres que vivenciam a violência, todos os dias, no Brasil, portanto, exigimos que haja uma retratação pública por parte da empresa, em que ela reconheça que o conteúdo da propaganda faz apologia ao estupro. Exigimos que a Preservativos Prudence invista em uma campanha cidadã de combate à violência contra as mulheres. Exigimos, também, que sejam tomadas as devidas providências legais com relação ao conteúdo veiculado.


A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!

 Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!


Marcha Mundial das Mulheres

terça-feira, 5 de junho de 2012



Hoje, 5 de junho, é o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Aproveitando a deixa, o Buteco daxx Minaxx será especial sobre a Cúpula dos Povos / Rio+20, transmitido diretamente do Rio de Janeiro (RJ), com participação de nossas compas cariocaxxx.
Vamos??
É só acompanhar pelo Twitter da Marcha Mundial das Mulheres (@marchamulheres), a partir das 20h.
Participe do chat ou tuíte com a tag #butecodasmina
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Ontem fizemos uma intervenção urbana no centro de São Paulo. 
Seguem aqui algumas fotos.  Leiam o textinho abaixo para entender melhor esse rolê.







5 de junho: mobilização global contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns 

Articulação de movimentos sociais para a ALBA

Nesse 5 de Junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, diversas organizações e movimentos sociais de todo o mundo tomarão as ruas, em uma jornada de luta contra a crise sistêmica do capitalismo e as falsas soluções que ele tenta impor aos povos, privilegiando o extrativismo, o agronegócio e a concentração do poder nas mãos das grandes empresas.

As mobilizações marcarão uma posição frente à Rio+20 (Conferencia da ONU), onde o capital pretende mover suas fichas para a adoção da “economia verde”, um modelo que traz consigo a mercantilização de nossas vidas. Por isso, essa jornada também mostrará as propostas os movimentos sociais impulsionam em seus territórios, que serão discutidas na Cúpula dos Povos por justiça social e ambiental, que acontecerá entre os dias 15 e 23 de Junho, no Rio de Janeiro, Brasil.

Nesse sentido, a Articulação de Movimentos Sociais para a ALBA faz um chamado para nos unirmos a esses protestos, com o propósito de mostrar a força da mudança que vamos tecendo desde a base em Nossa América. Dessa forma, também fortalecemos nossas plataformas e organizações para consolidar esse projeto de integração em construção, que reúne as alternativas dos movimentos populares, opostas à produção capitalista e às políticas neoliberais.

Para essa disputa hegemônica que enfrentamos, será preciso ressaltar nossas causas comuns e avançar juntos frente às estratégias de dominação do capitalismo. As mobilizações neste 5 de junho são parte desse processo que impulsionamos, que quer marcar o rumo da região para sua independência e emancipação.

Por isso, mobilizaremos em toda América Latina:

*Contra a mercantilização da vida, e em defesa dos bens comuns!

*Pela integração de nossos povos!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Amanhã tem Buteco das Mina!

Amanhã rola mais uma edição do Buteco das Mina!
Participações especiais: Jéssika Martins, Natália Ribeiro, Ana Paula Faria e azamiga!
Se você ainda não conhece o buteco, clica aqui pra entender essa ideia.

Nesta terça vamos falar sobre:
- Marcha das Vadias
- Caminhada Lésbica
- Netinho feminista?!
- e mais o que vocês tiverem a fim de falar!
É só acompanhar pelo Twitter da Marcha Mundial das Mulheres e falar com a gente ao vivo!
Pode botar a cerveja pra gelar!
http://www.twitter.com/marchamulheres


domingo, 29 de abril de 2012

Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas



Vanessa Gil e Cláudia Prates*
27 de abril é o Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas. Para homenagear a bravura dessas mulheres, escrevemos essas breves reflexões. Nossa intenção é repensar a precarização do trabalho doméstico remunerado, as dificuldades de regulamentação, e o histórico de discriminação que envolve a profissão. 
Iniciamos resgatando a luta das trabalhadoras domésticas no Brasil, seus avanços e as dificuldades para ampliar os direitos da categoria. Poderemos verificar que a luta se dá aos poucos, com pequenos avanços, sempre abaixo do que é conquistado pelas/os demais trabalhadoras/es. 
Em seguida discutimos a presença e as especificidades da força de trabalho feminina dentro do sistema capitalista. Buscamos estabelecer a feminilização da pobreza e do trabalho doméstico com os conceitos de trabalho produtivo e improdutivo. 
Por fim, tratamos das possibilidades de superação e o papel do Estado na elaboração de políticas públicas que alterem a desigualdade de gênero na composição do trabalho doméstico remunerado e não-remunerado. 
Devido à importância e peculiaridade do trabalho dessas mulheres, convidamos o leitor a refletir conosco sobre essa categoria, sua história e sua luta. 
Cenário do Trabalho Doméstico Remunerado1 no Brasil
O Trabalho Doméstico no Brasil é caraterizado por três recortes principais: gênero, raça e classe. Segundo dados da  OIT, o trabalho doméstico remunerado é realizado por mulheres (95%),  negras (61%) e pobres (100%). Isso não é por acaso. Como absolutamente todas as relações sociais,  as características do trabalho doméstico remunerado se constituem através de um longo processo histórico e,  no caso do Brasil, tem origem na escravidão.
É do trabalho na casa-grande, servindo aos senhores de engenho, sob o comando das senhoras brancas da casa grande, que o trabalho doméstico brasileiro constrói sua base histórica. Com o “fim da escravidão”, um dos poucos trabalhos acessíveis às mulheres negras era o doméstico, na maioria das vezes, em troca de comida e abrigo. Assim, com a abolição a escrava passou a ser trabalhadora doméstica. 
A categoria foi regulamenta somente com a Lei 5.859/72, onde define trabalhador/a doméstico/a, em seu artigo 1°, como: “Aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial”. Como a própria lei afirma, sendo o trabalho doméstico remunerado uma atividade sem fins lucrativos, o principal argumento para a flexibilização das leis que o regem estão assentadas na ideia de que esse tipo de trabalho é de “natureza” específica e que não produz lucro ao empregador, que por sinal é sempre uma pessoa física. Ou seja, como veremos mais adiante, o trabalho doméstico é desvalorizado porque não cria valor de troca, não resulta em mercadoria, não oferece lucros que possam ser facilmente contabilizados pelo empregador.
Graças à luta contínua das/os trabalhadoras/es domésticas/os remuneradas, a Constituição Federal de 1988 em seu art. 7°, parágrafo único, estabeleceu como direitos o salário mínimo; irredutibilidade salarial; repouso semanal remunerado; gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal; licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias; licença-paternidade; aviso prévio; aposentadoria e integração à Previdência Social. 
Em 23 de março de 2001, foi promulgada a lei 10.208, no qual estabelecia a faculdade do empregador em efetuar o recolhimento do FGTS e também o direito de receber seguro desemprego, para a/o empregada/o domestica/o. Em 2006 a Lei n.º 11.324 alterou artigos da Lei n.º 5.859/72, com qual os/as trabalhadores/as domésticos/as de fato passaram a ter o direito a férias de 30 dias, direito aos feriados civis e religiosos, gestantes passaram a ter estabilidade, além da proibição de descontos de moradia, alimentação e produtos de higiene pessoal utilizados no local de trabalho. Entretanto, mesmo com avanços, não ficam estabelecidos direitos importantes das demais categorias, como o seguro-desemprego, pois somente aquela/e empregada/o doméstica/o que estiver trabalhando por, no mínimo, 24 meses e com contribuição de, no mínimo, 15 meses de FGTS (sendo que o pagamento deste é facultativo), terá direito ao benefício. Portanto, caso o empregador venha a não optar pelo recolhimento do FGTS, esta/e empregada/o doméstica/o não receberá o beneficio do seguro desemprego.
As dificuldades em garantir os mesmos direitos concedidos às demais categorias evidencia o caráter exploratório e desigual que caracteriza a contratação dessas/es trabalhadoras/es. Segundo informações da OIT,  nos países em desenvolvimento, o trabalho doméstico representa de 4 a 10% da força de trabalho. Mesmo assim, na América Latina, somente 23% das trabalhadoras domésticas possuem benefícios de seguridade social.  
A organização dessas/es trabalhadoras/es, bem como a fiscalização das normas trabalhistas, é extremamente dificultada pelo fato do trabalho ser realizado no âmbito doméstico, no espaço privado das famílias ou indivíduos que as/os contratam. Mesmo assim, a luta das/os trabalhadoras/es Domésticas/os está organizada sindicalmente através da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) e da Central Única dos/as Trabalhadores/as (CUT), que encabeçam a luta para que o Brasil ratifique da Convenção sobre as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos2 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).  Dessa forma, as trabalhadoras/es domésticos passariam a ter os mesmos direitos das demais categorias, previstos no Art.7° da Constituição Brasileira e não mais apenas nove dos 34 artigos. 
Basicamente, as trabalhadoras domésticas remuneradas podem encontrar três tipos de contratos de trabalho: formal como mensalista e dormindo no emprego, como mensalista e não dormindo no emprego e como diarista. A primeira recebe menos que a segunda e a segunda menos que a terceira. Entretanto, caso a diarista não consiga preencher totalmente sua carga horária, o que é bastante comum, receberá menos que as outras duas. 
Dados do IBGE de 2010 demostram que, no Brasil,  17% das mulheres ocupadas são trabalhadoras domésticas remuneradas3. Isso representa mais de sete milhões de mulheres, em sua maioria, negras. Equivale a uma população maior do que a cidade do Rio de Janeiro.
A Força de Trabalho Feminino
A desvalorização do trabalho doméstico, seja ele remunerado, ou não, tem raízes na divisão sexual do trabalho, no machismo e na escravidão.  A divisão sexual do trabalho é a divisão de tarefas, trabalhos, entre atividades masculinas e femininas, constituídos de importância hierárquica, sendo os trabalhos destinados aos homens mais importantes do que os destinados às mulheres. É um fenômeno que se restrutura de acordo com a sociedade e tempo histórico no qual está inserido. Dessa forma, ao longo da história, na maioria das comunidades, foram as mulheres as responsáveis pelo trabalho doméstico e, por conta disso, tais atividades foram desvalorizadas socialmente. 
Para compreender a desvalorização do trabalho doméstico, precisamos entender os conceitos de trabalho produtivo e trabalho reprodutivo4. O primeiro é o tipo de trabalho que, como já diz o nome, produz valores de uso, ou seja, mercadorias que podem ser vendidas e compradas. O segundo, comumente realizado pelas mulheres, são os trabalhos que permitem e garantem que os/as trabalhadores/as tenham condições de reproduzir sua força de trabalho: limpar a casa, cozinhar, lavar a roupa, cuidar das crianças. A força de trabalho é a única mercadoria que possui o/a trabalhador/a: a sua capacidade de trabalhar e produzir mercadorias. Assim, mesmo sendo fundamental para a sociedade, o trabalho doméstico, seja ele remunerado ou não, é interpretado como tarefa natural das mulheres, e por ser visto como inerente à condição de fêmea, é invisibilizado pela sociedade.  
No sistema capitalista, o trabalho feminino assumirá um novo caráter. Com a chegada da Revolução Industrial, as mulheres passaram a fazer parte da força de trabalho dentro das fábricas, juntamente com as crianças. Entretanto, o trabalho do lar continuou o mesmo, caraterizando o que então se chamaria dupla jornada de trabalho. 
Da Primeira Revolução Industrial até os dias atuais a vida das mulheres sofreu largas mudanças, em especial nos grandes centros urbanos. A entrada das mulheres no mercado de trabalho se deu de forma massiva, sem diminuir com isso suas responsabilidades no âmbito doméstico. Será a empregada  doméstica que assumirá o lugar na realização do trabalho reprodutivo. 
Contudo, a questão de classe não está separada da questão de gênero, uma vez que as mulheres tratarão do tema conforme sua classe permitir. As mulheres da burguesia contratarão as mulheres pobres para assumirem em seu lugar as massantes tarefas do lar. Às mulheres pobres, que possuem baixa escolaridade, não resta outra alternativa a não ser vender sua força de trabalho, mesmo que sem o mínimo de direitos.  De qualquer forma, a responsabilidade segue sendo feminina. 
Notas Sobre o Trabalho Doméstico Decente
A precarização demostra que dois caminhos devem ser seguidos simultaneamente para a melhora das condições de trabalho e de vida dessas trabalhadoras: regulamentação e políticas públicas. O primeiro permite a garantia de direitos que valorizam a profissão e melhoram as condições de trabalho. O segundo permite tanto a melhoria da vida das trabalhadoras e abertura de novas possibilidades de trabalho, como prepara a sociedade como um todo para lidar com o compartilhamento do trabalho doméstico. 
A busca do Trabalho Doméstico Decente, contudo, vai além da questão da legislação. Precisamos construir uma sociedade onde o trabalho doméstico seja compartilhado pelos membros da família. Conforme pesquisa recente5, as mulheres gastam em media 23 horas a mais na semana do que os homens com as tarefas domésticas. 
Para além, é responsabilidade do Estado desenvolver políticas públicas que, de fato, auxiliem nos cuidados com a família, com creches para as crianças pequenas, escolas de turno integral, programas de atenção as/aos idosas/os. Tais políticas devem ser de caráter universal, englobando a toda a população e numa clara perpectiva de gênero. 
É importante, quando falamos de políticas públicas, diferenciar programas voltados para a as mulheres e os voltados para a questão de gênero, pois, no primeiro, mesmo a mulher sendo o foco do programa, ele não necessariamente altera as relações de gênero. Assim, na questão do trabalho doméstico, as políticas devem modificar a feminilização da pobreza, incentivando o compartilhamento das responsabilidades domésticas. Para além, essas políticas deverão buscar o rompimento com padrões androcêntricos que desvalorizam qualquer traço cultural que esteja ligado a feminilidade. 
Nesse sentido, o governo brasileiro iniciou em 2003 um forte diálogo com as organizações que representam as/os empregadas/os domésticas/os no país e entre os anos de 2006 e 2007 efetivou-se o Programa Trabalho Doméstico Cidadão6, que atualmente está na sua segunda etapa. O objetivo é qualificação pessoal e profissional das trabalhadoras, alinhadas com a elevação da escolaridade e  políticas públicas de valorização do trabalho doméstico. 
Dessa forma, a tendência que se apresenta é de que cada vez menos mulheres optem por trabalhar na área de serviços domésticos conforme cresce a escolaridade, optando por trabalhos mais valorizados. Assim, a oferta dessas trabalhadoras tende a diminuir, a exemplo do que acontece nos países desenvolvidos. Daí a necessidade do compartilhamento das tarefas, para que as mulheres da família não retomem o peso para si, mas possam dividir com todos os membros da família. Esse processo eé fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade que busca a igualdade entre homens e mulheres. 
Queremos, neste momento, saudar esse dia com o compromisso de continuar lutando pela ampliação dos direitos das trabalhadoras domésticas e para que o Brasil ratifique a Convenção sobres as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos da OIT. Só assim deixaremos a exploração da classe trabalhadora nos tristes escritos do pasado. 
Referências
1) Dessa forma, são entendidos como trabalhadores domésticos o/a cozinheiro/a, faxineiro/a, motorista,  jardineiro/a, etc. Cabe ressaltar que porteiros/as, zeladores/as e serventes de prédios de apartamentos residenciais são trabalhares/as regidos pela CLT. 
2) Ver Mais Trabalho Decente para Trabalhadoras e Trabalhadores Domésticos no Brasil – OIT escritório no Brasil em .
3) Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), referentes a 2010, realizada pelo IBGE.
4) O conceito é problematizado pelas feministas contemporâneas. Indicamos Helena Hirata em: scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0537132
5) Material pode ser acessado em: www.oitbrasil.org.br
6) Maiores informações no site: www.oitbrasil.org.br
* Vanessa Gil e Cláudia Prates são militantes da Marcha Mundial de Mulheres-RS

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Buteco das Mina inaugura amanhã



Buteco das Mina - onde a breja nunca esquenta e o papo nunca esfria

Galera, naquele clima bonito de #tudoaomesmotempoagora, começaremos amanhã mais um projeto maluco pra "mudar a vida das mulheres pra mudar o mundo / mudar o mundo pra mudar a vida das mulheres".
A ideia é simples: todas as terças-feiras, nós jovens da Marcha Mundial das Mulheres vamos  fazer uma série de twitcams* feministas. 
Vamos conversar sobre os assuntos da semana com vocês (aborto de anencéfalos, sexo no metrô e o que mais vier!), colocando na mesa questões que não passam na TV e nem saem no jornal. Também queremos dar dicas culturais de livros, filmes, músicas, ou de passeios que não saem nos guias tradicionais.
A proposta não é dar palestrinha na webcam, é conversar sobre esses temas com quem estiver na internet e quiser debater de forma saudável. 
Sugestões de pauta, comentários, pitacos e perguntas são muito bem-vindos. 
Participe acompanhando o perfil @marchamulheres e tuitando com a tag #butecodasmina. ;)
E chegue cedo: a mesa dura 40 minutos.

Pode pedir cerveja e amendoim que o buteco das mina inaugura amanhã! 

*Pra quem não sabe, twitcam é uma forma de transmissão de vídeo, ao vivo, pelo Twitter, que pode ser feita através de uma simples webcam. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Pela vida das mulheres!

 Após longos anos de debate, no dia 11 de abril, próxima quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal julgará a interrupção de gestação no caso de fetos anencéfalos. A ação foi proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS). A tendência é que o STF aprove e acreditamos que será um passo importante no sentido de consolidar o argumento de que a decisão sobre uma gravidez indesejada deve ser um direito das mulheres.

Durante essa semana, queremos novamente chamar a atenção sobre as repercussões da criminalização do aborto. Sabemos que apenas penaliza as mulheres e favorece a lucratividade das clínicas clandestinas e o tráfico de drogas ilegais (hoje o misoprostol é o principal método abortivo e é comercializado em associação com diversas outras medicações e drogas ilegais). Ser contrário à legalização do aborto hoje significa favorecer esse mercado que constrói um padrão de insegurança médica e psicológica a vida das mulheres.

Hoje, a opção de diminuir a mortalidade materna e assegurar o direito a saúde das mulheres significa necessariamente defender a legalização do aborto. Nesse sentido, faremos dois "tuitaços" em defesa do direito das mulheres decidirem sobre seus corpos.

Vamos tuitar?
10/04, 18h - tag #afavordavidadasmulheres (mencionando também @STF_oficial)
11/04, durante todo o dia, concentração 12h e 19h - tag #legalizaroaborto (mencionando também @STF_oficial)
12/04, 14h - tag #afavordavidadasmulheres


Marcha Mundial das Mulheres
Mulheres na UNE
Fuzarca Feminista

domingo, 1 de abril de 2012

Nota em repudio à absolvição do estupro de mulheres adolescentes de 12 anos


Na última terça-feira, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) divulgou a absolvição de um homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos. Com isso, o tribunal estabeleceu que a presunção de violência contra menor de 14 anos em estupro é relativa. Em resposta a essa decisão a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República publicou uma nota em que afirma entender que os Direitos Humanos, das mulheres, crianças e adolescentes jamais podem ser relativizados.
O argumento usado pelo juiz de primeira instância e depois confirmado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e pela Terceira Turma do STJ é de que as meninas se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data. O jornalista Pedro Pinto de oliveira, do jornal CenárioMT escreveu indignado sobre o ocorridoo STJ condenou as milhares de meninas brasileiras que vivem na prostituição. Como são exploradas no mercado da prostituição não merecem julgamento igual ao de meninasingênuas, inconscientes e desinformadas a respeito do sexo. São culpadas por sua condição. São culpadas por serem vítimas da exploração sexual de menores.
A partir do exposto, incorporamos esse debate à luta feminista uma vez que caracterizamos a prostituição como uma violência contra a mulher, uma violência que mercantiliza a vida e o corpo das mulheres. E que se torna ainda mais inaceitável quando se pensa na múltipla vulnerabilidade social a que essas meninas foram submetidas, por serem mulheres e por serem cerceadas de decidir sobre suas vidas quando o crime aconteceu. A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, classificou comoinaceitávelo acórdão do TJ-SP, posteriormente confirmado pelo STJ e considerou inaceitável que as próprias vítimas sejam responsabilizadas pela situação de vulnerabilidade que se encontram.
Gilmara apolinário Reis
Militante da Marcha Mundial das Mulheres no Tocantins, Kizomba Lilás, e do Partido dos Trabalhadores.