E no mês de fevereiro, a memória é em torno da comunista Olga Gutmann Benário nascida  em 1908 na cidade alemã Munique. Sua história de vida é cruzada pela  história política da Alemanha e do Brasil, países em que morou durante  anos. Sua coragem e dedicação pelo justo, pelo bom e pelo melhor no mundo até hoje são recordados como exemplos e inspirações. 
 A  judia, nascida numa família de classe média alta, recebia diariamente  em sua casa na Alemanha uma presença especial como costuma brincar: a  luta de classes. Seu pai, advogado e social – democrata (mas  diferenciado, segundo Olga) era visitado por trabalhadores que  pretendiam fazer demandas judiais contra os patrões. Já sua mãe, uma  elegante dama da alta sociedade, via com o horror o comunismo. 
Aos 15 anos, a alemã ingressa na militância política, através da organização  juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD), a Liga Juvenil Comunista da  Alemanha (KJVD). Anos mais tarde junto do seu então namorado Otto Braun,  também militante comunista, muda-se para Berlin onde se torna  secretária de Agitação e Propaganda da Juventude do PC alemão. Suas  intervenções eram sempre marcadas pela criatividade e diversidade de  idéias para burlar a repressão policial, num período marcado pela  disputa política entre o Partido Comunista Alemão e o Partido Nacional  Socialista Alemão dos Trabalhadores, ou simplesmente, o Partido Nazista.  
Quando  recebia tarefas secundárias, Olga resmungava e já denunciava que o  trabalho auxiliar era delegado em função de ser mulher. Sua formação  intelectual e independência também chamavam a atenção. Quanto Otto a  pede em casamento, Olga nega, pois o casamento para ela representava a  dependência econômica da mulher.
Ainda em Berlin, Olga é presa e ao ser libertada parte para a União Soviética. Lá  passa a ser considerada importante quadro da  Terceira Internacional Comunista. Em 1934, a alemã recebe a importante  tarefa de participar da realização de uma Revolução Comunista no Brasil.  Olga é convidada pelo IV Departamento do Estado-Maior do Exército  Vermelho, órgão do serviço secreto militar da União Soviética, para  acompanhar, na condição de segurança pessoal, o líder comunista Luis  Carlos Prestes, que posteriormente venho a ser seu companheiro. 
No  Brasil, junto de Prestes e de tantas outras mulheres e homens que  lutaram nas frentes de resistência ao autoritarismo do governo Vargas,  organiza a Intentona Comunista. No entanto, o levante fracassa e o casal  é obrigado a viver na clandestinidade. Em março de 1936 são capturados  pela polícia, e Olga por ser judia, é entregue logo depois ao regime  nazista de Hitler por Getúlio Vargas, grávida de sete meses. Nem mesmo  os protestos pela sua libertação e a violação do Direito Marítimo  internacional, por estar grávida, foram suficientes para impedir sua  extradição. 
Em solo alemão, é levada para Barnimstrasse,  a temida prisão de mulheres da Gestapo, local em que teve sua primeira e  única filha, Anita Leocádia. Em 1942, a marcante líder é enviada ao  campo de extermínio de Bernburg, onde foi executada numa câmara de gás.
Um  dia antes da sua morte em viagem a Bernburg, Olga escreve sua última  carta marcada por ternas e esperançosas palavras para sua filha e Luis  Carlos Prestes:
 (...)  Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao  despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar  de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não  significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela  chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o  último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou  dormir para ser mais forte amanhã. Beijos, pela última vez. 
Olga Benário, presente na caminhada! 
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 MORAIS, Fernando. Olga. São Paulo: Alfa-Ômega, 1985
* Por Paula Cervelin Grassi - militante Marcha Mundial das Mulheres/RS

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